terça-feira, 29 de setembro de 2009

ORDENAÇÃO DIACONAL

No próximo dia 4 de Outubro, domingo, pelas 16h, o Sr. D. Jacinto Botelho, Bispo de Lamego, ordenará 5 novos diáconos para a Igreja Diocesana, que serão o André Filipe Mendes Pereira, o António Jorge Gomes Giroto, o Bernardo Maria Furtado Mendonça Gago de Magalhães, o José Filipe Mendes Pereira e o Tiago André Bernardino Cardoso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Em Resende

Já algum tempo que ando a pensar em escrever estas palavras, contudo a falta de tempo e de vontade têm impedido que isso acontecesse.

Estou a realizar o Estágio Pastoral no Seminário Menor de Resende, melhor, no Seminário de Nossa Senhora de Lourdes, integrando a equipa formadora, que tem "à cabeça" o senhor padre António José Ferreira. Os meus colegas de "estatuto" são os senhores padres José Manuel Rebelo e Miguel Peixoto.
Quando me comunicaram que eu iria realizar o Estágio Pastoral (como diácono) no Seminário Menor, a minha primeira reacção foi pensar realmente desde sempre andava alguém a pedir para fazer a minha caminhada vocacional integrando o seminário menor. Não o fiz como seminarista; foi realizá-la como Diácono. Deus parece que brinca com as pessoas... E nós também brincamos com Ele... Este sim foi o meu primeiro pensamento. Depois fui-me habituando à ideia de viver novamente em seminário, se bem que é numa realidade completamente diferente e com outro papel, isto é, com mais responsabilidade.
Cheguei no dia 13 de Setembro. Comecei por conhecer os cantos da casa, por ambientar-me ao espaço. Começou uma nova etapa da minha vida...
Os miúdos (jovens, rapazes...) começaram a chegar por volta das 15h. Vi nos seus rostos alguma surpresa por encontrarem novos "padres", que irão fazer o papel de "pai e de mãe", mas também com muita força e confiança para enfrentarem o novo ano, para enfrentarem todos os desafios que aparecerão no caminho de discernimento vocacional. Estava um ambiente de festa, de reboliço, de alegria contagiante, quer para os pais, quer para nós, equipa formadora.
Começou o tempo... Um tempo novo, para nós e para os jovens que quiseram realizar um discernimento vocacional, que quiseram percorrer um caminho, em seminário, de forma a tornarem-se sacerdotes (alguns deles), homens e cristãos para este tempo.
Estes primeiros dias têm-se revelado uma pequeno surpresa. Nunca pensei no que viria encontrar e encontrei. Nunca me via em papeis que tenho que fazer neste momento. Quer na capela, quer no salão, quer no desporto, quer nos intervalos e nas brincadeiras com a comunidade no seu todo, vou descobrindo todos os dias coisas novas, coisas que nunca pensei encontrar. É claro que nem tudo é fácil; mas também não parece muito difícil!
Estar na pele de formando e formador também não é nada fácil... São duas realidades distintas mas complementares pois, durante toda a nossa vida, nunca deixamos de ser formandos mesmo sendo, obrigatoriamente, formadores.
Ser testemunho de que vale apena ser padre é a missão principal que tenho para com os jovens seminaristas. Eu e todos os outros três elementos que compõem a equipa formadora... Com esse testemunho esperamos que eles cresçam humanamente, espiritualmente e academicamente.
Com a ajuda de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira do Seminário Menor, iremos conseguir dar esse testemunho tão necessário.
Com Maria caminhamos para Cristo, verdadeiro Sacerdote. É este o lema que irá guiar-nos neste ano. Que através de Nossa Senhora, encontremos a figura de Cristo, Sacerdote eterno e Salvador do Mundo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ennio Morricone: “a fé está sempre presente em minha música”

Pode ser que você não reconheça o nome, mas seguramente já escutou sua música. O maestro Ennio Morricone é considerado um dos melhores compositores de partituras de filmes de Hollywood.

Para muitos católicos, talvez seja apreciado pela música do filme “A Missão”, de 1986, sobre os jesuítas missionários na América do Sul do século XVIII. Mas sua contribuição à indústria do cinema estende-se a mais de 450 filmes, tendo ele trabalhado com os principais diretores de Hollywood, desde Sergio Leone a Bernardo Bertolucci, Brian De Palma ou Roman Polanski.

E com 80 anos segue em plena ebulição. O compositor acaba de terminar o arranjo musical de “Baaria”, de Giuseppe Tornatore, um filme italiano que abriu o Festival de Veneza deste ano. Quentin Tarantino o havia convidado para compor a música de seu mais recente filme, “Bastardos sem glória”, mas dificuldades de calendário impediram Morricone de realizar este trabalho. No entanto, ele permitiu que Tarantino usasse passagens de sua obra no filme.

O renomado compositor italiano também continua colecionando prêmios: no início do ano, Nicolas Sarkory, presidente da França, o nomeou Cavaleiro da Ordem da Legião de Honra, o mais alto reconhecimento do país. Isso se soma a uma longa lista de outros reconhecimentos, incluindo o Prêmio de Honra da Academia, cinco nomeações ao Oscar, cinco Baftas e um Grammy.

Apesar disso, o maestro Morricone, que nasceu em Roma, prefere manter-se longe das câmeras e raramente concede entrevistas. Por isso, foi uma surpresa quando ele amavelmente aceitou abrir uma exceção para ZENIT, tendo nos recebido em seu apartamento no centro da Cidade Eterna, para falar principalmente sobre sua fé e sua música.

Em seu apartamento se destaca um impecável piano preto ao lado da janela de uma grande sala decorada com muito bom gosto, artisticamente revestida de murais e quadros clássicos. Mas Morricone, casado, com quatro filhos já adultos, é um homem simples, e responde as perguntas do modo típico romano: diretamente.

Inspiração

Começo perguntando se sua música, que muitos consideram muito especial, está inspirada por sua fé. Ainda que se descreva como um “homem de fé”, adota um ponto de vista muito profissional em seu trabalho.

“Penso na música que tenho de escrever, a música é uma arte abstrata –explica. Mas, no entanto, quando tenho de escrever uma peça religiosa, certamente minha fé contribui”.

Ele acrescenta que tem interiormente uma “espiritualidade que sempre permanece em minha composição”, mas não é algo que deseja fazer presente, simplesmente o sente.

“Como crente, esta fé provavelmente está sempre ali, mas corresponde aos outros se darem conta dela, os musicólogos e os que analisam não só as peças de música mas que também têm uma compreensão de minha natureza, e do sagrado e do místico”, explica.

Ele reconhece que crê que Deus o ajuda a “escrever uma boa composição, mas essa é outra história”.

Morricone dá uma similar resposta profissional e honesta quando questionado se tem algum remordimento ao escrever música para filmes gratuitamente violentos.

“É-me pedido que me coloque a serviço do filme –diz. Se o filme é violento, então componho música para um filme violento. Se é um filme sobre o amor, trabalho para um filme de amor. Talvez possam existir filmes violentos em que há sacralidade ou elementos místicos, mas não busco voluntariamente estes filmes. Tento conseguir um equilíbrio com a espiritualidade do filme, mas o diretor nem sempre pensa da mesma maneira”.

Ennio Morricone iniciou sua carreira musical em 1946 após receber um diploma de trompetista. No ano seguinte, já era compositor de música de teatro, assim como músico em uma banda de jazz, para manter sua família. Mas sua carreira na música cinematográfica começou em 1961, quando começou a trabalhar com seu velho amigo de escola, Sergio Leone, e sua série de bang bang italiano, os "western spaghetti" ("Por um punhado de dólares", "O dólar furado"...).

Talvez seja mais famoso por este gênero, apesar de lembrar que estes filmes representam apenas 8% de seu repertório, e que rejeitou uma centena de outros filmes similares. “Todos me pediam para fazer western, mas tentei não fazê-los porque prefiro a variedade”.

Milagre técnico

Falando de “A Missão”, diz que o grandioso da partitura deste filme era seu “efeito técnico e espiritual”. Com isso, refere-se ao modo como se conseguiu combinar os três temas musicais do filme. A presença de violinos e o oboé de padre Gabriel representam “a experiência do Renascimento do progresso da música instrumental”. O filme logo move-se para outras formas de música que surgiram da reforma da Igreja do Concílio de Trento, e acaba na música dos nativos indígenas.

O resultado foi um tema “contemporâneo” em que os três elementos combinaram-se harmoniosamente ao final do filme. “O primeiro e o segundo tema vão juntos, o primeiro e o terceiro podem ir juntos, e o segundo e o terceiro vão juntos –explica. Isso era um milagre técnico e creio que foi uma grande bênção”.

O compositor italiano assegura que não tem a fórmula para uma partitura cinematográfica de sucesso. “Se o soubesse, teria escrito mais música como essa”, disse, acrescentando que a qualidade da música depende de estar feliz ou triste.

“Quando era menos feliz, sempre me salvei com profissionalismo e técnica”, reconhece. Não menciona nenhuma peça ou filme favorito. “Gosto de todos porque me deram algum tipo de tormento e sofrimento quando trabalhava neles, mas não devo e não quero fazer distinções”, diz.

Passamos ao tema de outro sutil músico: o Papa Bento XVI. Morricone diz que tem “muito boa opinião” do Santo Padre. “Parece-me que é um Papa de mente sábia, um homem de grande cultura e também de grande força”, afirma.

É especialmente elogioso com os esforços de Bento XVI de reformar a liturgia, um assunto que Morricone sente com grande força.

“Hoje a Igreja cometeu um grande erro, atrasando o relógio 500 anos com as guitarras e as canções populares –argumenta. Nada disso me agrada. O canto gregoriano é uma tradição vital e importante da Igreja e desperdiçá-lo por misturas juvenis de palavras religiosas e profanas, canções ocidentais, é extremamente grave, extremamente grave”, enfatiza.

Afirma que é voltar atrás os ponteiros do relógio porque o mesmo sucedeu antes do Concílio de Trento, quando os cantores mesclavam o profano com a música sagrada. “O Papa faz bem em corrigir isso –observa. Deveria corrigi-lo com muito mais firmeza. Algumas igrejas têm levado em conta suas correções, mas outras não”.

O maestro Morricone parece em forma e consideravelmente mais jovem que sua idade, o que lhe permite seguir dando concertos ao redor do mundo. De fato, está mais solicitado que nunca: no próximo mês interpretará suas composições no Anfiteatro de Hollywood, em Los Angeles.

Apesar de toda essa fama e distinções, este grande compositor não perdeu nada de sua humildade e realismo romano. É talvez isso, mais que suas comoventes e únicas composições, que faz dele um dos grandes nomes de Hollywood.

in Zenit

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Simpósio do Clero - Alguns apontamentos

Na sexta-feira, dia 4 de Setembro, acabou o VI Simpósio do Clero de Portugal. Foi o primeiro em que participei, por iniciativa própria e também incentivado pelo bispo da minha diocese, e que se revelou uma autêntica surpresa.
Fiquei admirado com a quantidade de sacerdotes presentes, quer mais velhos quer mais novos. Fez-me reparar que realmente nós até somos bastantes e que, apesar de estarmos a servir em territórios diferentes, nunca estamos sós. Há sempre alguém do nosso lado! Foi um grande incentivo de confiança para avançar na minha caminha, cada vez mais próxima da meta.
Também pude ver que a comunhão presbiteral que tanto se fala pode ser uma realidade concretizável. A começar pelo exemplo de "unidade episcopal" ali presente. Vi que a maior parte dos nossos bispos portugueses acompanhou os trabalhos do Simpósio. Isso também deveria ser um incentivo para todos os sacerdotes.
As conferências foram muito bem orientadas. Porventura poder-se-ia pensar que os temas eram muito relacionados com a Psicologia (Grun e Cencini são dois psico-terapeutas). Contudo eles não falaram só de Psicologia. Eles iluminaram a Psicologia com a Teologia. Ou não terá sido o contrário?!... É certo que o padre é, de igual maneira ao homem "comum", um ser psicológico. Mas o facto de ser padre não quer dizer que se anule esta dimensão. Logo, é bom que estejamos preparados para os pequenos confrontos psicológicos durante a nossa vida de sacerdotes. Temos que nos preocupar com todas as nossas dimensões (humana, espiritual, académica, psicológica, ...).
Um alerta que se fez, e que eu queria destacar, é que realmente o sacerdote tem que saber aceitar as suas fraquezas e viver com alegria. As pessoas querem padres alegres, mas também padres que sejam homens e não padres que estejam "alienados" do mundo. Deus quis que os padres fossem homens que caminham para uma conversão de vida que dura a vida inteira(formação permanente). Daí que o encontro, a partilha, o conviver uns-com-os-outros seja extremamente necessário. Uns-com-os-outros aprendemos a reconhecer as nossas fraquezas, a ultrapassá-las e a crescermos como padres e como homens. Que nunca acabem os espaços de partilha (não físicos nem impostos formalmente) entre todos os sacerdotes, seminaristas e leigos. Com eles e neles aprendemos a crescer em Igreja, para a Igreja e com a Igreja.
Um apontamento que menos gostei foi o número elevado de conferências diárias e o papel passivo do ouvinte. Talvez por ainda não saber "estar para ouvir" ou porque ainda não estou no terreno e não sentir na pele o que estava a ser dito, senti que as conferências eram em demasia e cansavam um bocado. Contudo penso que será positivo (re)lê-las, se a Conferência Episcopal Portuguesa decidir publicá-las.
Por último queria realçar a vivência profunda das celebrações do dia na Igreja da Santíssima Trindade. Apesar de haver algum exagero nas "liturgices" das celebrações, as celebrações foram espaços de profunda oração e encontro com e em Deus. O espaço enorme tornou-se íntimo e pequeno nas Laudes, Eucaristia, Adoração do Santíssimo e Vésperas.
Em suma, penso que Simpósio realmente procurou centrar a pessoa do Sacerdote naquilo que é essencial: o Partir do Pão, o anúncio da Palavra, o servir o Próximo, o viver para Deus e para os Irmãos.
Reavivar o Dom que há em ti! Não só se fez isso durante aqueles dias em que estivemos reunidos em Fátima mas é necessário reavivar este Dom todos os dias, durante toda a nossa vida, até ao dia em que seremos transportados para a eternidade, para o tempo novo, porque ser Padre é tudo! Tudo...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Simpósio do Clero

No texto que assinala a celebração de abertura do Ano Sacerdotal, marcada para 19 de Junho, D. António Santos, presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, anuncia a realização de um simpósio para os padres de Portugal. O encontro ocorrerá em Fátima, entre os dias 1 e 4 de Setembro de 2009.

A mensagem lembra que ao propor este período de reflexão, no ano em que se assinalam os 150 anos da morte do Cura d'Ars, S. João Maria Vianney, o Papa pretende sensibilizar as comunidades cristãs para os "grandes ideais" da vida sacerdotal, "nestes tempos que são os nossos".

O tema deste Ano - "Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote" - sublinha que o chamamento de Deus para uma missão específica de serviço à Igreja e ao mundo e a doação da própria vida são elementos constitutivos da identidade dos padres, que se consolida a partir do exemplo de fidelidade de Cristo a Deus Pai.

A mensagem destaca a importância dos Seminários no discernimento que cada aluno faz sobre a vontade de Deus e da Igreja a seu respeito, bem como na formação espiritual, teológica e pastoral. Por isso eles "são chamados a viver, mais do que qualquer outra instituição, o Ano Sacerdotal com criativo acolhimento e com renovado sentido de missão".

As ordenações de padres que irão ocorrer proximamente serão momentos muito oportunos para constatar a acção de Deus, que revela a sua vontade em cada seminarista, sem todavia deixar de respeitar a sua liberdade.

Os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência orientam-se para facilitar e concretizar o amor inteiramente dedicado a Deus e à comunidade que caracteriza os padres. Mas aqueles meios precisam de ser permanentemente reavivados, dado que os sacerdotes, como todos os seres humanos, são frágeis e vulneráveis; por isso é indispensável que coloquem a vida espiritual no centro da sua existência

A missa diária é o momento em que se renova o amor que o sacerdote recebe de Deus e que entrega aos que o rodeiam. Estas características tornam-se visíveis na união com o bispo, na relação fraterna com os padres e no "serviço generoso" aos membros da comunidade, que são a razão de ser da sua existência. No entanto, mais do que aquilo que ele faz, "a beleza da vida e da missão do sacerdote consiste essencialmente naquilo que ele é".

A fidelidade e o agradecimento a Deus pela oferta de sacerdotes à Igreja serão intensificados através de uma vida conforme à vontade divina e que, por outro lado, manifeste aos membros das comunidades palavras de esperança e "sentimentos de perdão e de misericórdia e gestos de dor compassiva (...) nos momentos de fragilidade ou de desânimo."

D. António Santos lembra que apesar deste período se dirigir a toda a Igreja, "é no coração, na vida e no ministério de cada um dos sacerdotes" que ele encontra "o mais indicado e necessário ambiente de acolhimento e a mais densa e sentida forma de celebração".

Uma das prioridades deste Ano consiste na oração e no estabelecimento de condições para que mais pessoas escutem o apelo de Jesus Cristo e decidam ser sacerdotes. As comunidades são também convidadas a relembrar os exemplos, discretos e heróicos, de padres que seguiram a vontade de Deus, recolhendo motivos de esperança da sua memória.

Para D. António Santos, os sacerdotes doentes, idosos e os que "vivem momentos dolorosos de provação" são olhados com "atenta solicitude" por parte da Igreja, que vê revelados nos seminaristas e nos jovens padres "caminhos de generosidade e de fidelidade".

in Agência Ecclesia